O Concilio dos Deuses PT III
Fevereiro 07, 2017
Pinheirinho
A perfuração começou, o solo era mais rijo ali do que onde perfuravam anteriormente, para se fazer um simples túnel na diagonal, foram precisos dias, mais propriamente 8, até que a broca chegou ao túnel, festejou-se por toda a planície de Marte, finalmente algo de bom acontecera, depois da catástrofe na terra os únicos sobreviventes da humanidade podiam encontrar ali, talvez a salvação da espécie humana.
Os cientistas foram rápidos a enviar uma sonda, seguiam pelos ecrãs, desceu a diagonal, chegou ao Túnel e começou a descer e descer e descer, no exterior foram horas de espera, até que o pequeno veiculo chegou a um ponto em que não podia passar mais, tinha a forma de um cone e tapava todo o túnel, um dos cientistas, decidiu porque não se usava o maçarico instalado no veiculo para abrir um buraco, os outros concordaram, até porque iria demorar muito tempo para encontrar uma solução para passar aquele obstáculo.
A sonda começou a perfurar o objecto cónico, a solda de Lunar cortou a chapa como se fosse manteiga, simples e rápido, a sonda retirou a pequena chapa e os cientistas ficaram pálidos, olhavam uns para os outros sem saber o que fazer, não sabiam o que fariam agora, foi o silêncio total.
- Que fumo é aquele Pai! – gritou uma criança a olhar para o fumo que saía do buraco anteriormente escavado.
- Deve ser da Sonda, deve ter encontrado algo.. – Respondeu o pai segurando-a ao colo e apertando-a contra o seu peito.
- Cada vez sai mais fumo, que se passa lá em baixo? – Gritou um dos humanos ao olhar para os cientistas, quietos, imóveis nas suas cadeiras.
O fumo não parava de sair do buraco, era cada vez mais, a gigantesca pedra levantou, um dos cientistas começou a correr, outros seguiram-no, os humanos que olhavam o que se passava olharam para as televisões que emitiam as imagens da sonda.
- Cabrões, nem avisam, CORRAM!!!!! – Gritou o pai da criança, ainda com ela ao colo que começou a correr em direcção à bolha central.
- É uma bomba, é uma bomba, corram, é uma bomba!- Gritava outro.
Correram para todos os lados, passado segundos aquela bomba enorme sai de dentro do túnel e a porta no chão fechou-se, poucos metros depois de subir, virou e caiu a pique, ali mesmo.
Ao explodir, soltou uma onda de choque de tal intensidade que tudo o que estava à superfície de Marte virou pó, nem um único vestígio da raça humana, pó, simplesmente pó, foi tudo o que sobrou.”
O criador olhou para o testo que acabava ali, reparou mais a baixo uma nota do escriba divino.
“A minha missão acaba aqui, à superfície estava um outro escriba, era branco como tudo, magro e disforme, os braços eram maiores que o tronco, as pernas eram encurvadas, parecia ter mais anos do que aqueles para o qual teria direito.
Olhou para mim e disse.
- Desculpa, mas foi inevitável, aquela vossa criação activou uma das bombas hidrogénio, se explodisse no interior teria destruído o planeta, tivemos de o disparar.
- Supostamente, não existiria vida em Marte, como é que ainda aqui estás?
- A vida acabou em Marte, mas apenas à superfície, a guerra entra as super-potências destruiu o nosso planeta, viste o que esta bomba fez? Imagina agora mil a serem disparadas, felizmente, depois de tudo desaparecer, descobri que existia vida, que o criador desconhecia e ainda desconhece, dão pelo nome de Borggers que em língua marciana quer dizer Toupeiras, eram simples animais, que encontraram uma grande caverna no interior do planeta, tem uma luz natural que não é mais umas pequenas lagartas que vivem no tecto da caverna, onde a humidade acumula, essa humidade escoa para um grande lago interior, tem vegetação em abundância, viveram sempre lá, milénios e milénios, evoluindo, quiseram explorar o exterior, mas o que encontraram foi guerra e caos, o mundo exterior autodestrui-se, voltaram para o seu interior e não mais voltaram a sair, tentaram desarmar todas as ogivas, mas não sabiam como, então criaram um sistema de limpeza das mesmas pois perceberam que humidade cria corrosão, dessa forma já foram obrigados a disparar quatro antes que explodissem no interior do planeta o que destruiria o seu mundo. Desculpa.
- Não tens de o fazer, o humano é curioso por natureza, irei acabar os meus relatos e esperar uma nova missão.
Parti dessa forma de Marte, não sem antes explorar aquele mundo novo, humanoides disformes e peludos, viviam da terra, evoluíam a cada dia, daqui a uns quantos milhares de anos sairão do interior e repovoarão o planeta, afinal ainda há esperança para todo este caos, este povo não sobreviveria se o povo dominante do exterior ainda fosse vivo.”