O Povo da Águia PT III
Janeiro 27, 2017
Pinheirinho
Donny manteve-se o mais quieto e calado possível, estava rodeado de homens de verde, quase invisíveis na vegetação, estava bloqueado e dali não podia sair, teria de esperar que a noite caísse, mas não acreditava que os tropas perfilados no Vale das Lamas dormisse ali, passaram-se duas horas e ninguém se moveu, ficaram apenas imoveis, os que caminhavam por entre a vegetação tinham enviado cerca de metade dos homens para a boca do desfiladeiro para verem as movimentações, Donny apenas os via a correr de um lado para o outro, uns agitavam bandeiras verdes outros agitavam amarelas.
Ouviu-se um grande estrondo, Donny soltou um grito com o susto, felizmente ninguém o ouviu, os batalhões perfilados deram todos um passo ao mesmo tempo cravando de seguida os escudos no chão, mais bandeiras amarelas e verdes a serem agitadas, outro passo, ainda mais barulhento que o anterior. E novamente bandeiras amarelas e verdes a serem agitadas.
Donny pensou nas aulas de táticas de guerra, as suas favoritas com o Mestre Ariannor, até hoje em todas as batalhas contra os Reis de Edervast, as bestas Lupinos, ou os exércitos de mortos vivos do deus Kaskade, nunca o povo da Águia perdeu uma batalha, costuma sair de encontro ao seu inimigo, ali mesmo no Vale das Almas e ali, combate-los frente a frente em terreno aberto, mas há muito que o Mestre Ariannor lhe tida dito que desde a tomada do desfiladeiro Trunn, que os as ordens são outras, deixaram de os enfrentar no vale das almas, agora se querem combater que venham até à planície de Sangue onde a enorme muralha se ergue.
Donny apesar de ter apenas 7 anos e lhe faltar 1 ano para viajar para o Circulo da floresta, sabe que os Reis de Edervast não cairão nessa cilada, conhecem as histórias sobre o Ninho, há quem diga que até conhecem a arquitetura dos mesmos, sabem os seus pontos fracos e fortes e conhecem o sistema de tuneis, dai os homens com as bandeiras, deve ser a forma que arranjaram para ver quando os espiões saem para ver o que se passa, os homens não comunicam, depois todo aquele barulho, de certeza que é isso, estão a estudar de onde saem os homens, por esta altura o Rei Eric já deve ter mandado fechar as entradas para os tuneis, ou então prepara-se para sair de entre a proteção da muralha e vir lutar contra o inimigo em campo aberto.
As horas passavam-se, a sua mãe já devia de estar preocupada, tinha fome e sede, mas tinha medo de se mexer, seria visto e facilmente capturado e a noite nunca mais vinha, teria de usar o túnel externo o mini túnel que servia de respiradouro que a sua mãe um dia lhe mostrou, mas não estava fácil, a cada 5 minutos davam um passo firme e forte, ecoando por todo o vale, ao longe ouviu o som de um corno, este era o som de aviso aos inimigos, os exércitos iriam sair de entre as muralhas, um erro crasso, pensou Donny.
Agitaram-se bandeiras vermelhas e os homens revezaram-se os que estavam na frente recuaram e vieram outros para a frente, esses empunhavam lanças duas vezes maiores do que eles, mas só se via a ponta em frente ao escudo, os homens de verde nas colinas eram agora muitos mais do que aqueles que à pouco via, estavam bem camuflados, pensou ele, ao ver que todos tinham arcos e flechas pronta a disparar, os homens da Águia iriam cair numa cilada, devem ter estado a perguntar aos vigias o que se passava e quem respondia era o inimigo dando respostas contrárias, temia pelo seu povo, tinha mesmo de fazer qualquer coisa e rápido!